Pelos que iniciam uma experiência de trabalho no mercado segurador,  por comuns cidadãos que contratam um seguro, e até pela douta dúvida do humorista Ricardo Araújo Pereira, na sua intervenção no Altice Arena  em 19/10/2019, acaba por ser perguntado: “porque se paga um prémio à seguradora?”

Pedro de Santarém, jurisconsulto português, escreveu em 1552 o primeiro tratado que versa sobre a atividade seguradora, e definiu na sua obra de forma brilhante e atual: “o seguro é a convenção pela qual, convencionado o preço de um risco, um toma sobre si o infortúnio de outro”.

Na época de Pedro de Santarém “prémio” de seguro era em latim “Pretium”.

Recibo da Probidade, companhia adquirida em 1925 por A Mundial e cuja eventual memória está na atual Fidelidade. Em 1922, prémio já era escrito em português corrente.

Pela evolução e sentida especialização da atividade seguradora, nos finais do século XVII,  foi abandonado o termo “Pretium” dando lugar à palavra “Praemium”, pela capacidade intrínseca em definir melhor o preço do seguro.

No século XIX, os tratados deixam de ser escritos em latim passando a ser opção na língua nacional de cada país. É na passagem do latim para as línguas das nações que é encontrada  a palavra “prémio”.

No século XX, em Portugal, o valor que o segurado paga à seguradora, determinado por um contrato de seguro, designa-se por “prémio”.

Em 1926, o Jornal de Seguros, na sua edição comemorativa do décimo aniversário, publica um artigo designado “Prémio” e chama à colação que “o nosso prémio não é mais que a tradução literal do prime francês na acepção de primeiro, de avançado, de antecipado ou no sentido amplo: de pagamento antecipado”.

A ideia de pagamento adiantado acaba por difundir-se na terminologia de vários países. Em Portugal “prémio”, em França “prime”,  “primium” em inglês, “prima”  em língua castelhana, “premio” em italiano.

Em Inglaterra em 1933 já se usava Premium, a designação atual.

O Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa define “Prémio” como sinónimo de distinção ou recompensa pecuniária ou outra que se confere a quem sobressai por qualquer trabalho científico, artístico… ou por outros méritos”. Decorre ainda que é o “pagamento  efetuado pelo segurado à companhia seguradora  e, graças ao qual, adquire o direito a uma indemnização em caso de acidente”, a título de exemplo do seguro automóvel.

Gostaria de aproveitar o sinónimo de “Prémio” enquanto “distinção ou recompensa pecuniária ou outra que se confere a quem sobressai por… outros méritos”.

Será que a atividade Seguradora não merece esse mesmo prémio pela importância socio-económica e estabilidade de um País? Poderá ser um tema para outro artigo de opinião… pelo seguro.

Publicado a 5 novembro 2020, em: